Em meio a uma jornada de reinvenção em 2020, Gislaine Brito, uma evangélica e membro da Congregação Cristã no Brasil, encontrou um caminho inusitado para empreender: um sex shop voltado para o público gospel. Inspirada pela filha, ela decidiu abrir o Béli Boutique, desafiando tabus e enfrentando críticas dentro e fora da comunidade religiosa.
Ao site Marie Claire, ela diz: “Abrimos a loja e na semana seguinte começou o isolamento por conta do coronavírus. A saída que encontrei foi começar a anunciar nas minhas redes sociais os produtos. Muita gente começou a se interessar”, revela Gislaine sobre os desafios enfrentados durante a pandemia.
O nicho de mercado do “bem-estar sexual” experimentou um aumento significativo durante esse período, com um crescimento estimado de 12%, de acordo com estudos do Mapa do Brasil Erótico 2022.
No entanto, a jornada de Gislaine não foi isenta de obstáculos. Dentro de sua comunidade religiosa, o tema da sexualidade ainda é considerado tabu, o que gerou comentários desaprovadores e olhares de reprovação. Mesmo assim, ela defende sua escolha: “Não sou menos temente a Deus: muito pelo contrário, porque Ele prega o amor”.
Com quatro anos de negócio, Gislaine testemunha histórias de transformação de clientes que encontraram no Béli Boutique um espaço para explorar sua sexualidade de forma saudável.
“No começo foi complicado, porque eu não sabia de nada – nem o que era um plug anal, por exemplo. Então, como não usava nada, esperava o feedback das clientes para saber como funcionava e explicar da melhor maneira para quando outra pessoa viesse à loja. Hoje em dia, é quase que uma terapia ajudar quem me procura. Sei de mulheres que vieram comprar um vibrador e tiveram o primeiro orgasmo da vida ou ainda casais que melhoraram a vida a dois”, diz.
Apesar das críticas e do preconceito, Gislaine enxerga seu trabalho como uma forma de ajudar o próximo, conforme prega sua fé. “Deus prega que precisamos ajudar o próximo, não?”, ressalta.
Em relação aos produtos mais procurados, Gislaine destaca a demanda por acessórios destinados à região anal, citando casos que vão desde a busca por prazer até questões culturais e religiosas.
A empresária acredita que sua loja não apenas atende às necessidades individuais, mas também contribui para fortalecer relacionamentos, inclusive dentro da comunidade religiosa. “Muitas vieram me agradecer depois, falando que ajudei no relacionamento”, afirma.