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Fábio Porchat será Jesus em novo especial de natal polêmico do Porta dos Fundos

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Faz calor e uma mosquitada zune em torno de uma equipe de filmagem reduzida, num terreno baldio em Guaratiba, Zona Oeste do Rio. No centro da cena, recebendo os cuidados de uma maquiadora que usa um escudo facial, está Thati Lopes. Ela vive Maria Madalena em “Teocracia em vertigem”, o aguardado especial de Natal que entrará em cartaz no canal do Porta dos Fundos no YouTube em 10 de dezembro. As informações são do O Globo.

A alta temperatura e o som dos mosquitos são só deduções: a visita ao set de gravação foi bem diferente do usual. Aconteceu via Zoom, especialmente para esta reportagem. “Teocracia em vertigem” é uma resposta aos ataques de que o grupo foi alvo após representar Jesus como homossexual no especial do ano passado, “A primeira tentação de Cristo”. Terá forte conotação política, promete Fabio Porchat, que agora encarna Jesus Cristo e é o autor do roteiro.

Em janeiro, um desembargador do Tribunal de Justiça do Rio mandou suspender a exibição de “A primeira tentação…” a pedido do Centro Dom Bosco de Fé e Cultura, alegando que “a honra e a dignidade de milhões de católicos foram vilipendiadas”. Para manter o especial no ar, a Netflix, que exibiu a edição do ano passado, recorreu ao Supremo Tribunal Federal. Antes, a antiga sede do Porta dos Fundos, no Humaitá, sofreu um atentado. Pelo menos um dos autores foi identificado. Mas a investigação e os embates na Justiça seguem. A sede da produtora já não funciona lá — o grupo comprou novas instalações, no Flamengo, que ainda estão em obras. Por tudo isso, Porchat acredita que o especial ganhou outro vulto:

“Agora, trata-se da luta pela democracia e da defesa da liberdade de expressão. Não seremos intimidados. Viramos notícia no mundo inteiro. Não temos medo de censura. Nós não atentamos contra a Constituição. Atuamos para defender o sagrado do humor. O programa foi feito para debater assuntos delicados. Está faltando conversa na sociedade. Essa é nossa intenção”, afirma.

Na sequência vista pelo GLOBO, Thati Lopes/Maria Madalena falava seu texto, sozinha, num esforço para evitar as aglomerações. Porchat acompanhava tudo ao lado do diretor, Rodrigo Van Der Put, que também esteve à frente do programa do ano passado. O especial deste ano terá a linguagem de um falso documentário, e a ação transcorre entre o julgamento de Cristo e a Ressurreição.

Além do elenco do Porta, muitos atores e personalidades fazem participações. Emicida, por exemplo, interpretará Simão; a cineasta Petra Costa (cujo filme “Democracia em vertigem”, indicado ao Oscar de documentário neste ano, inspirou o título) será ela própria; Clarice Falcão narra tudo, como fez Petra em seu longa (o que provocou críticas a sua voz); Marcos Palmeira viverá um manifestante, e Renato Góes, Barrabás.

Porchat diz esperar que “as pessoas se divirtam”.

“Não escrevo para gerar polêmica. Espero levantar conversas. Algumas pessoas que reclamaram do programa do ano passado me perguntam: você gostaria que fizessem piada com a sua mãe? Eu digo que não. Mas uma coisa é não gostar, outra é não poder. A comédia pode brincar. Já retratamos Maomé como um terrorista gay. Eu sou ateu e já sacaneei ateu também. Não estamos batendo em Cristo, mas em gente poderosa. O poder está na mão de bancadas evangélicas. Não queremos o humor que propaga o preconceito. Nem humilhar ou atacar quem não tem força para se defender. Atacamos gente poderosa”, garante.

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