Um trabalhador industrial que sofria com vitiligo em 98% do corpo, prestes a completar 40 anos, passou por uma grande transformação após seu divórcio. Aos 54 anos, ele recuperou 93% da pigmentação da pele e vive uma vida renovada. O dermatologista Paulo Luzio, especialista em vitiligo, afirmou que a separação foi um fator crucial para essa recuperação, pois o problema estava relacionado a um aspecto emocional da doença.
O vitiligo, caracterizado pela perda da coloração da pele devido à ausência de melanina, pode ser influenciado por fatores psicológicos, segundo o especialista. No caso do industriário, a condição estava diretamente ligada ao seu estado emocional.
No entanto, o vitiligo nem sempre tem origem psicossomática, quando o psicológico impacta o físico, permitindo, em alguns casos, a reversão dos sintomas. Entre as causas possíveis da doença, incluem-se:
– Doenças autoimunes: Quando o sistema imunológico ataca equivocadamente as células produtoras de melanina.
– Genética: Histórico familiar aumenta a probabilidade de desenvolvimento.
– Exposição ambiental: Contato com substâncias químicas.
– Desequilíbrios neuroquímicos: Alterações no cérebro que afetam a função dos melanócitos.
O trabalhador, que preferiu manter sua identidade em sigilo, relatou que as manchas começaram a surgir em 2007, quando estava casado com sua ex-mulher, com quem teve dois filhos, hoje com 18 e 22 anos.
“Foi muito difícil. As pessoas olham para o meu rosto e isso me incomodava. Muitas não entendem o que é, acham que é contagioso, que coça ou dói, mas não tem nada disso”, contou ele.
Em 2009, depois de dois anos de busca, o homem encontrou o dermatologista Paulo, que sugeriu que o vitiligo poderia estar relacionado com questões psicológicas. Foi então que ele percebeu que seu relacionamento estava causando-lhe ansiedade e stress, devido à atitude ciumenta e desconfiada de sua esposa.
“Nosso casamento tinha, como percebo hoje, aspectos tóxicos”, refletiu ele, acrescentando que as manchas pioravam nos períodos de desentendimento com a ex-companheira.
Apesar de saber que o estresse do casamento era um fator desencadeante, o homem demorou a tomar a decisão do divórcio, especialmente devido aos filhos. Contudo, em 2022, ele entendeu que não havia mais alternativas e decidiu se separar.
Apenas um mês após o fim do casamento, quase todas as manchas desapareceram. Hoje, ele tem apenas 5% do corpo afetado. Para manter os resultados, ele faz uso de medicações tópicas e segue acompanhamento psicológico. Embora tenha se libertado do casamento, ainda lida com novos desafios, como o distanciamento de seus filhos.
Vitiligo no Brasil
De acordo com a Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), o vitiligo afeta cerca de 1% da população mundial, com mais de 1 milhão de pessoas no Brasil convivendo com a condição. As manchas despigmentadas são o sintoma mais evidente, mas o paciente também pode enfrentar sensibilidade à luz solar, além de alterações no cabelo, unhas e mucosas.
Recuperação da cor da pele
O dermatologista Paulo Luzio explicou que, dependendo da capacidade da pele de reagir a tratamentos, pode ser possível restaurar a cor com medicamentos. Em casos mais difíceis, a cirurgia pode ser indicada, onde células produtoras de pigmento são implantadas nas áreas afetadas. As áreas mais complicadas para tratar sem cirurgia incluem os lábios, mamilos, auréolas, e regiões genitais, onde não há pelos.
Aspectos psicológicos e psicossomáticos
A psicóloga Carla Ribeiro de Oliveira destacou que doenças psicossomáticas, como o vitiligo, podem ser agravadas por estresse, ansiedade e emoções negativas. O tratamento geralmente requer uma abordagem integrada, envolvendo médicos e psicólogos para tratar tanto os sintomas físicos quanto os emocionais. Embora a cura total não seja garantida, o sofrimento associado à condição pode ser minimizado, com o tempo, tornando-se mais gerenciável.